Tostão e Carlos Alberto Torres após o gol do Brasil contra a Inglaterra, jogo considerado o melhor do Mundial de 70. Guadalajara, 7 de junho de 1970.Correio da Manhã |
Comentário do Carlos Alberto Torres: ”É um demagogo, pode escrever aí. O Tostão não precisa ficar falando. Ele teve mais sorte do que os outros, é médico, não sei nem se é ele que escreve aquela coluna lá no jornal. Mas tem gente que não foi preparada. Esse filho da p… deveria falar algum tipo de verdade. Não gosto nem de falar”.
Resposta do Tostão: “Demagógica? Não sou bilionário. Só entendo que o governo não pode pegar dinheiro e distribuir assim [sem critérios]. E os campeões de outros esportes, as outras classes? Um artista que elevou o nome do Brasil também poderia pedir esse benefício. Mesmo assim, entendo também que a carreira de um jogador tem suas particularidades, precisa realmente ser amparada de um jeito diferente”.
Fonte: Uol Esporte
Infelizmente não vi o Carlos Alberto Torres jogar e nem o Tostão, no entanto, já tive o prazer de estar algumas vezes com o Capita e acho ele um cara muito legal, dá boas entrevistas, além de ser considerado por muitos o melhor lateral direito da história do futebol brasileiro, isso sem falar que foi ele quem levantou a taça de tricampeão mundial em 1970.
Porém, acho que nessa entrevista ele foi muito mal.
Não sei se ele tem ou teve algum problema de relacionamento com o Tostão, porém, ele errou nos argumentos usados, além de ter o ofendido sem necessidade.
Tostão não teve apenas sorte, ele se preparou para quando encerrasse a sua carreira como jogador, estudou medicina, se afastou do ambiente do futebol, praticamente não dá entrevistas, não comenta jogos, não se envolve em polêmicas, não tem blog, twiiter, facebook, enfim, ele escreve suas colunas para a Folha de SP entre tantos outros jornais do país e vive sua vida sem holofotes e sem o glamour que o futebol proporciona.
Mas, nesse país, o cara que é sincero, que fala o que pensa, que defende o que é certo, é rotulado como demagogo, e se tem argumentos e os defende com unhas e dentes é chamado de arrogante!
Concordo que no país onde o futebol é o esporte mais popular, e por onde andamos lá fora, somos sempre reconhecidos e por vezes tratados até com mais simpatia devido ao Pelé, Ronaldo, Romário, Riva, entre tantos outros…
Só que, esses campeões do mundo tiveram o seu reconhecimento, claro, que os mais velhos viveram épocas em que não se ganhava tanto dinheiro como nos dias de hoje, porém, nas devidas proporções tiveram suas compensções financeiras.
Um cachê, por exemplo, para fazer um evento ou gravar uma propaganda é sempre maior para esses campeões.
E se formos seguir essa lógica de que esses atletas merecem uma aposentadoria por terem dado alegria ao povo brasileiro, também é preciso agraciar com esse mesmo benefício figuras como Gustavo Kuerten, Cesar Cielo, Hortência, Paula, Oscar, a família do Ayrton Senna, e por aí vai numa lista interminável…
Mas, num país em que o aposentado é tratado com o maior desrespeito, que tem na sua grande maioria um final de vida recebendo uma miséria por mês e tendo até que trabalhar para tentar se manter, onde ele passa horas numa fila do INSS, ou seja, será que é justo esse tratamento diferenciado?
E se formos seguir essa lógica de que esses atletas merecem uma aposentadoria por terem dado alegria ao povo brasileiro, também é preciso agraciar com esse mesmo benefício figuras como Gustavo Kuerten, Cesar Cielo, Hortência, Paula, Oscar, a família do Ayrton Senna, e por aí vai numa lista interminável…
Mas, num país em que o aposentado é tratado com o maior desrespeito, que tem na sua grande maioria um final de vida recebendo uma miséria por mês e tendo até que trabalhar para tentar se manter, onde ele passa horas numa fila do INSS, ou seja, será que é justo esse tratamento diferenciado?
Bem, a discussão é interminável, e fico muito triste de ver uma pessoa que proporcionou tantas alegrias a um povo passar por necessidades, porém, que todos então recebam o mesmo tratamento.
E a meu ver o Tostão nesse caso está coberto de razão nos seus argumentos.
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