Por Antero Greco
Perdi a conta das vezes em que escrevi a respeito de humilhações a que o Palmeiras é submetido em sua história recente. Parece filme repetido vir aqui, ou no jornal ou na tevê, e falar de tropeços vergonhosos de um time que tem biografia magnífica, rica e única no país. Mas que, aos longo das últimas décadas, tem sido destruída sem parar. É fiasco atrás de fiasco.
O empate por 1 a 1 com o Atlético-GO com dois a menos, na noite deste domingo, é apenas o sinal mais recente dessa queda, que qualquer palmeirense sensato e lúcido percebe, mas que passa batida por quem tem a obrigação de detê-la. Ou melhor, de evitá-la. Há muito bato na tecla de que a mentalidade no Palestra Itália parou no tempo, se calcificou, mumificou. E isso se reflete no time, que foi sem alma, sem eficiência, sem qualidade, sem coragem. E não só neste episódio de Goiânia.
Grupos perdem energia em brigas internas, buscam o poder, prestígio ou vendettas pessoais, e deixam a grandeza do Palmeiras em segundo plano. Administrações vêm e vão sem marcar por iniciativas atrevidas, inovadoras. Sem estarem à altura de uma das maiores torcidas do Brasil – e infelizmente hoje em dia alvo de piada.
Foto: Evelson de Freitas/AE |
A cartolagem alviverde é frágil, imobilizada e espalha mediocridade. Manda embora técnicos que brilham nos rivais (aí está Muricy), dispensa jogadores que comandam adversários (Diego Souza no Vasco), finge que nada acontece quando atletas como Valdivia e Kleber vêm a público e desafiam dirigentes. Que se calam e, portanto, admitem como verdadeiras as críticas.
A memória do noninhos que fundaram o clube, quase cem anos atrás, tem sido seguidamente desrespeitada. De que adianta erguer uma arena ultramoderna, se há o risco de não ter time para exibir-se nela? Para que ter estádio de primeira, se o elenco é de quinta? Para que um complexo esportivo de última geração? Para ser utilizado para shows? Ou para servir de extensão do estacionamento do shopping ao lado? Que destino querem dar ao Palmeiras?
O Palmeiras precisa recuperar seu lugar de sempre, que é o de liderança, destaque, vanguarda. A vocação do Palmeiras é brigar por títulos, levantar taças, revelar e consagrar craques, encantar torcedores. E não passar recibo de incompetência, ser coadjuvante ou motivo de gozação.
O Palmeiras de verdade não tem lugar para jogador meia-boca, para falsos brilhantes! Muitos até são esforçados, e daí? Não têm estofo para vestir camisa que um dia foi usada por Djalma Santos, Valdemar Carabina, Dudu, Ademir, Servílio, Luís Pereira, Rivaldo, Evair, Julinho Botelho. Como cartolas não deveriam ocupar cadeiras que uma vez foram de Ferrucio Sandoli, Delphino Facchina, Nelson Duque, Paschoal Giuliano, Arnaldo Tirone (pai).
Foto: Gazeta Press |
O Palmeiras real não é esse que se vê em campo. O uniforme e o escudo até parecem os de verdade, mas são apenas cópias malfeitas, que desonram sua tradição. É enganação, usurpação. Chega de fraudes! Basta com descaso! Ou o Palmeiras dá uma chacoalhada, renasce, se impõe, ou se prepara para a degola e o fim.
O estrago que estão a fazer no Palmeiras não tem perdão.
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