Por Robson Morelli
A pergunta poderia não ter sentido fosse feita tempos atrás, quando o Palmeiras ainda mandava seus jogos de peito estufado e com a certeza de que poderia ganhar as partidas e sonhar com passos mais largos e dignos. Valdivia sempre foi a referência desse time, na primeira e muita mais na segunda passagem. Estive no salão nobre do Palestra Itália quando ele foi reapresentado como o mais novo reforço do Palmeiras. A empolgação e a confiança da nação palmeirense eram enormes, saltavam aos olhos.
Passados dois anos, o Mago perdeu o encanto e seu nome, feito o de Cristo após ser preso pelos romanos, já faz muita gente torcer o nariz no clube. O Palmeiras não sabe o que fazer com o chileno, também chamado de o ‘rei das contusões’. Seu contrato vai até dezembro de 2015, mas não se sabe se ele será cumprido, como desejavam todos naquela tarde de recepção calorosa e cheia de esperança de dias melhores. Na horrorosa campanha do Palmeiras neste Brasileirão, Valdivia fez 16 dos 35 jogos que o time disputou. E é muito provável que não faça mais nenhum jogo na temporada, embora diga a pessoas com quem conversa regularmente que estará de pé em três semanas. Pra quê?
Em três semanas, o Palmeiras já estará com seu destino definido, muito provavelmente de volta à Segundona após frequentá-la dez anos atrás. O time pode cair neste fim de semana se não vencer o Flamengo, o que deve acontecer dada a fragilidade e o abatimento de todos no elenco. Dessa forma, Bahia e Portuguesa nem precisam entrar em campo para se garantir. Como tem 33 pontos e os rivais diretos 40, o Palmeiras não conseguiria mais alcançá-los. Se ganhar do Fla, estica o tempo de sofrimento caso Lusa e Bahia não ganhem suas respectivas partidas.
Valdivia parece indiferente a tudo isso. Jogou pouco e, portanto, tem pouca culpa no cartório, a não ser a culpa de não ter jogado mais. Essa sim pesa em suas costas. Daí a pergunta estampada no título da resenha: Vale a pena apostar novamente em Valdivia? Se o meia não teve forças nem entusiasmo para jogar na primeira divisão, muito provavelmente não terá também para comer grama na Série B, onde as canelas são mais duras, a bola nem sempre é redonda e os adversários vendem o almoço para garantir o jantar. A elegância e o toque refinado do Mago não combinam nem com o Palmeiras nem com a Segundona nesse momento, assim como sua disposição já desagrada a muita gente no clube. Apesar das contusões seguidas, a impressão que se tem é que Valdivia se escondeu, que poderia jogar mais e se preparar melhor para a temporada, sem tantas noitadas.
Tudo bem que o Palmeiras também terá a Libertadores para disputar, mas hoje, salvo uma mudança radical no cenário, Valdivia não tem espaço no clube. O que se extrai do seu talento é muito pouco para mantê-lo no Palestra Itália, a preço de ouro. Não digo que concordo com isso, mas essa é a situação e uma visão generalizada sobre o craque. O que segura o Mago no Palmeiras é o seu contrato. Nada mais.
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