Por Mauro Cezar Pereira
Negueba, garoto, 20 anos, rápido, promissor. Tivesse adotado para a carreira o "Guilherme Ferreira" de batismo, talvez não fosse ridicularizado como ocorreu tantas vezes quando não se saiu bem em campo. Ainda bem que assumiu o apelido, marcante e que pode virar sinônimo de bom de bola. Depende principalmente dele e há tempo para chegar lá.
Pois o rapaz cedido pelo Flamengo ao São Paulo por uma temporada na troca por Cléber Santana, que reforçou o time carioca ainda em 2012, se assustou com o Centro de Treinamentos de seu novo time. Não é para menos. A diferença de estrutura entre os dois clubes é abissal. Os rubro-negros ainda constroem seu CT e os são-paulinos possuem um exemplar.
Claro que a tal complexo para a preparação dos elencos não basta. No futebol se vence principalmente com bons jogadores, como deixaram claro Fluminense e o próprio Flamengo com três dos quatro últimos títulos brasileiros ficando com a dupla, mesmo sem CT. Mas isso não significa que os cariocas devam seguir parados no tempo.
O Rio de Janeiro precisa de uma sacudida. Não que em São Paulo as coisas transcorram com perfeição, pelo contrário, longe disso. Mas o Estado das enchentes com data marcada e dos políticos que, paralelamente, torram milhões em obras como o estupro do Maracanã necessita de mudanças. Mudanças de mentalidade, mais cobrança, mais indignação popular.
A falta de Centros de Treinamentos forma uma minúscula gota no "oceano" de pontos a serem melhorados. No futebol e fora dele. Melhor encarar isso e ir à luta do que permitir que a paisagem maravilhosa com a qual a natureza presenteou o balneário carioca ofusque os problemas do Rio.
Qual a graça na rotina de um morador de Ipanema que contempla a beleza da orla cercada por montanhas se a 50 quilômetros dali pessoas perdem suas casas e até a vida? Como se ninguém soubesse que em janeiro chove em horas o que em outros meses não chove em um mês inteiro.
Zeca Pagodinho, que socorreu tanta gente em meio às enchentes em Xerém, onde por sinal fica o CT da base do Fluminense, desabafou: "Dá nojo de político, dá nojo desta gente bandida". Que o sambista inspire mais cidadãos/torcedores do Rio de Janeiro a refletir. E se preciso, sentir "nojo".
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