Por Rodrigo Garcia
O UFC 207, realizado na última sexta-feira (30), em Las Vegas, consagrou Amanda Nunes como uma das promissoras estrelas da organização após a contundente vitória sobre Ronda Rousey. Contudo, se a brasileira saiu fortalecida do combate, o mesmo não pode ser dito da norte-americana.
Após ser nocauteada em apenas 48 segundos, Ronda sofreu uma avalanche de críticas, sendo a maior parte de fãs do esporte. Mas por que devemos agradece-la ao invés de apenas critica-la por ter sofrido somente a segunda derrota de sua carreira?
Veja alguns motivos para “aliviar” nas críticas feitas a Ronda:
Abriu as portas do UFC para o MMA feminino
Parte da “revolta” contra Ronda surgiu por conta dos privilégios dados por Dana White à lutadora, em atitude que foi vista como uma forma de beneficiar a lutadora em sua tentativa de retomar o cinturão.
Mas, o que muitos viram como um “empurrãozinho” do chefão para Ronda, também pode ser encarado como um reconhecimento por todos os serviços prestados pela norte-americana ao evento.
Dana já havia declarado em diversas oportunidades que o UFC nunca teria espaço para lutas femininas. Mas ao ver o sucesso estrondoso da norte-americana no Strikeforce, extinto evento de MMA em que ela conquistou seu 1º cinturão, o executivo deu o braço a torcer e resolveu apostar na criação de uma categoria feminina, trazendo Ronda como campeã. A decisão rendeu frutos e Ronda comprovou que existe, sim, muito interesse dos fãs em lutas femininas.
Assumiu status de estrela da organização e elevou patamar do evento
Em pouco tempo, Ronda passou de aposta para certeza: suas atuações, somadas ao interesse do público, atraíram grande atenção para o MMA feminino. Com isso, o passo seguinte acabou sendo natural.
Enquanto apenas Anderson Silva dava espetáculos dentro da organização, Ronda foi ganhando espaço como uma das maiores estrelas da companhia. Eventos em que a norte-americana fosse se apresentar rapidamente tornavam-se um sucesso de vendas de pay-per-view, para alegria de Dana. Ao alavancar o interesse pelo MMA feminino, Ronda também, indiretamente, ajudou a aumentar a popularidade do UFC, algo bem visto pelos executivos da organização.
Com o sucesso, Ronda passou a ser presença constante em programas televisivos, eventos de marketing e até mesmo filmes de Hollywood. Se Anderson era o exemplo por seu desempenho como lutador, Ronda era tudo que Dana queria: uma boa lutadora e excelente na promoção dos eventos.
Foi imbatível, mas o esporte evoluiu enquanto Ronda parou
Questionar a qualidade de Ronda como lutadora após a derrota para Amanda Nunes é esquecer tudo que a norte-americana já conquistou no esporte. Desde 2011, quando estreou no Strikeforce, a atleta foi completamente dominante em sua divisão de peso, até que encontrou sua “ruína” após ser batida por Holly Holm.
Em apenas cinco anos, Ronda tornou-se a 1ª campeã da maior organização de MMA, fez sete defesas de cinturão (bem-sucedidas), conquistou prêmios de melhor finalização (1), luta da noite (2) e performance (4).
A atleta ainda foi a primeira medalhista olímpica a conquistar um título do UFC. Para completar a lista de feitos, Ronda é a lutadora que mais vezes finalizou rivais com chaves de braço e ocupa o 2º e 3º posto na lista de finalizações mais rápidas da organização.
Mas, após perder o cinturão com um brutal nocaute para Holly Holm, em novembro de 2015, Ronda resolveu tirar um período sabático. E, enquanto recuperava as energias, viu outras lutadoras ocuparem o posto de campeã.
O maior erro de Ronda foi ter pensado que, enquanto tirava seu período de descanso, outras lutadoras não estariam se aprimorando para ocupar o lugar que um dia foi dela. Aos poucos, as mulheres foram acompanhando a evolução do esporte e atingindo patamares mais altos, enquanto Ronda “parou no tempo”.
Ao voltar, Ronda resolveu apostar em seu passado dominante ao aceitar direto uma disputa de cinturão, mas o antídoto contra a ex-campeã já estava pronto. Como sabemos, a história terminou com um desfecho surpreendente, mas não inesperado. Agora, resta saber o que será do futuro da ex-campeã: a redenção ou a aposentadoria.
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