Por Ricardo Perrone
Ricardo Gomes ainda era técnico do São Paulo, e eu trabalhava na Revista Placar quando conversamos informalmente sobre Rogério Ceni. Na ocasião, ele disse como seria difícil o momento de o treinador são-paulino anunciar para a imprensa que o goleiro não seria mais titular.
Explicou as dificuldades de manter um arqueiro em fim de carreira como titular. O maior problema, segundo ele, é que quando o camisa 1 começa a falhar, seus colegas perdem a confiança nele. Os outros dez jogadores ficam inseguros. Se as falhas continuam, a chance de o time inteiro desmoronar é enorme.
Gomes se livrou do risco de ser o técnico com a dura missão de colocar Rogério no banco. O ídolo são-paulino voltou a falhar contra o Botafogo. Logo na primeira partida depois de levar um frango e mais quatro gols diante do Corinthians. Falhas e até um peru de vez em quando são normais. Também é natural que o número de deslizes aumente conforme a idade avança. É o que começa a acontecer com Rogério.
O são-paulino vai voltar a fazer atuações impecáveis. Ainda não chegou a hora de perder a posição. Mas Paulo César Carpegiani precisa ficar atento. E pensar como agir se chegar ainda nesse Brasileirão o momento de substituir Rogério. Apesar de sua trajetória ímpar no clube, o goleiro não pode ter o privilégio de decidir o momento de abandonar a titularidade. Seria pior para o time e mais doloroso para a torcida vê-lo permanentemente em apuros.