O envolvimento dos profissionais sempre foi uma marca forte no SBT, que construiu sua história a partir de uma relação íntima com o telespectador a partir das emoções transmitidas por quem estava no vídeo e também por aqueles que atuavam nos bastidores. Isso não tem preço; é patrimônio e a nova geração de executivos precisa saber disso. Quem circulou pelos corredores da Vila Guilherme, torre do Sumaré e as modernas instalações da Anhanguera lembra muito bem do clima positivo das equipes, de pessoas que não mediam esforços para ajudar nos projetos e o quanto cada um defendia a emissora. O mundo mudou. O romantismo dos antigos profissionais foi trocado por estratégias de ataque, por fórmulas de grade e produtos enlatados testados em outros países.
O mercado de televisão também mudou no Brasil. Nenhuma empresa garante a vice-liderança apenas com o patrimônio emocional adquirido ao longo do tempo. Muito pelo contrário. A Record esqueceu toda a sua história, voltou-se apenas para a atual administração e traçou o objetivo de ultrapassar o SBT. Contratou profissionais ligados a Silvio Santos, minou o departamento comercial da concorrente, enfraqueceu o adversário e criou seu “patrimônio” emocional. E muitos lá na Anhanguera viram o mundo mudar sem mexer um dedo para inverter a situação porque viviam numa zona de conforto com carreiras em fase bem adiantada. Para voltar a ser o que era, o SBT precisa cortar as velhas estruturas, eliminar os pensamentos antigos e não ter medo de ousar e criar algo novo. Precisa também esquecer o discurso corroído de que não há “dinheiro para isso”. Um bom planejamento aliado a um olhar moderno não consome tantos recursos. O dinheiro vai embora quando é aplicado em algo antigo e que não dará resultados como se vê nos últimos anos. Sempre atenta ao que acontece e com um olhar mais jovem, Daniela Beyruti parece estar no caminho certo: busca o novo, ouve pessoas inteligentes e provoca os mais antigos de casa. Só falta agora amarrar tudo, usar melhor a convergência de mídias e arriscar.
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