Há tempos não me empolgo com a seleção brasileira de futebol – nem quando
a Copa do Mundo veio pra cá. Sei que
não sou unanimidade, porém não estou sozinha.
Quem gosta da
seleção, de futebol ou simplesmente de
esporte torceu para que o Brasil tivesse um desempenho, no mínimo, prateado
nestes Jogos Pan-Americanos de 2015,
no Canadá.
O que não aconteceu.
Conquista inédita, desempenho habitual
A seleção brasileira sub-20 não
trouxe nenhum jogador de quem pudesse se esperar maravilhas. Vieram dois
internacionais, Lucas Piazon (ex- categoria de base do São Paulo), do Eintracht
Frankfurt (ALE) e Vinícius (quem?), da Lazio (ITA) e alguns nomes razoáveis de
clubes que disputam o Campeonato Brasileiro, como Clayton, do Figueirense,
Erik, do Goiás e Luciano, do Corinthians.
O início na
competição não foi de empolgar. Convenhamos, vencer por 4 a 1 a seleção do
Canadá não é nada de extraordinário. E ainda levamos um gol! A mesma coisa se
pode dizer dos 4 a 0 no Peru. Algo totalmente previsível – e não me venha com
esse papo de “respeito ao adversário”. Respeito é você não quebrar a perna do
outro jogador, nem ofender a sua mãe e família. No mais é chapéu, rolinho, e o
que vier... Isso é futebol.
Aplicar um
placar elástico em um país que o esporte principal é jogado com as mãos, não
tem nada demais. É como se perdêssemos para a Suécia no Curling!
Continuando...
No terceiro
jogo do Pan, embalada, a seleção fez 3 a 0 no Panamá e achou que o jogo estava
ganho – depois da final da Mercosul de 2000,
sei que “o jogo só acaba quando termina”, como disse o finado Vicente Matheus.
Coitados. Quase levaram a virada e os panamenhos empataram a partida.
Nas semifinais,
aí sim, uma prova de fogo, contra o Uruguai, o Brasil é perdeu a chance de
lutar pela medalha de ouro. De virada. Jogando com um a mais desde os seis
minutos da etapa inicial. Pois é, os “novinhos” do Brasil usaram mesmo o salto
alto das meninas – as que verdadeiramente honram a camisa brasileira econquistaram o ouro.
Na luta pelo bronze,
quase perderam o Panamá. Luciano, duas vezes, e Piazon garantiram a medalha –
inédita. Placar final: 3 a 1 para nós. Novinhos bronzeados. Ótimo para o Instagram.
¿Qué pasa?
Como disse no
início, assistir e torcer pela nossa seleção são coisas que já não me empolgam
mais. Que me desculpe a galera dos anos 90, mas eu vi a seleção jogar com
Marcos; Cafu, Roque Júnior, Lúcio e Roberto Carlos; Edmílson, Gilberto Silva e
Kléberson; Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo gordo. Que seleção! Acordava de madrugada para ver os
jogos da Copa do Mundo do Japão e da Coréia do Sul, em 2002.
Hoje, essa
seleção repleta de “inhos”, “selfies” e que jogam em função de um único jogador,
não me representa. Ouço os mais velhos falarem que, antigamente, jogar na
seleção era o ápice na carreira de qualquer jogador de futebol profissional.
Era o sonho da molecada. Dessa forma, era possível chegar a um grande clube do
exterior e fazer fortuna.
2015. Os
tempos são outros. Agora, os jogadores já chegam milionários à seleção. A grande
maioria já joga fora. E enxergam atuar com a camisa amarela como uma
oportunidade de rever alguns amigos, treinar em Teresópolis e dar entrevista
para Globo. Só.
Em 2002, muitos
dos importantes jogadores que conquistaram o pentacampeonato eram atletas de
clubes espanhóis, italianos, alemães e francês. A diferença é quem estes eram
as estrelas dos seus times. Referências. Eram eles que colocavam a bola embaixo
do braço e resolviam.
“-Ah, Oscar, William,
Thiago Silva e David Luiz são importantes para os seus times”, você pode
pensar. Aí eu te falo, no Chelsea quem brilha – além do Mourinho – é o Hazard. Zlatan Ibrahimovic é quem manda e desmanda no
PSG.
O Brasil não tem
estrelaS.
Neymar é uma solitária.
Futebol é
coletivo.
Messi
não salva a Argentina.
Nem Cristiano Ronaldo, Portugal.
Quando o
Brasil voltar a ser prioridade para os jogadores, a seleção voltará a ser a
primeira no mundo.
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