terça-feira, 31 de maio de 2011

Surge um grande técnico

Foto: AlexandreArruda / Divulgação

Giovane fatura a Superliga pelo SESI e aparece como um dos destaques da nova geração de técnicos do vôlei brasileiro

Considerado um dos principais jogadores de vôlei do mundo, devido as suas conquistas pela Seleção Brasileira, Giovane Gávio, agora técnico, marcou mais uma vez seu nome na história do esporte ao faturar o título da Superliga Masculina, pelo SESI, no último mês de abril. 

O título veio após a vitória da equipe paulista sobre o Sada Cruzeiro, por 3 sets a 1, em pleno ginásio do Mineirinho, em Belo Horizonte. Gigio tornou-se o segundo brasileiro a ser campeão da competição como jogador e como técnico, feito antes apenas atingido por Marcelo Fronckowiak (em 97/98 e 98/99 como atleta e em 2002/2003 como treinador). 

A Superliga de 2010/11 foi o seu primeiro troféu de nível nacional, que antes já havia faturado pelo próprio SESI, o Campeonato Paulista, em 2009, e o bicampeonato na Copa São Paulo, em 2009 e 2010. 

O torneio revelou Giovane como um técnico competente e regular, capaz de montar uma equipe forte e consistente, e organizar um time com grandes jogadores como Serginho, Wallace e Murilo, considerado o melhor atleta da temporada. 

Assim como Luizomar de Moura, Marcelo Mendez, Talmo de Oliveira, entre outros, Giovane faz parte da nova safra de técnicos no vôlei nacional, que se espelham nos já super vencedores José Roberto Guimarães, tricampeão da Superliga, e Bernardinho, heptacampeão. 

Em entrevista realizada na última quarta-feira (25), na Universidade Nove de Julho, em São Paulo, Giovane falou da influência de Bernardinho em sua decisão de se tornar treinador, sobre seus planos para o futuro, suas perspectivas para as Olimpíadas de 2016, e sua opinião sobre o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. 

Gigio revelou que a escolha pela carreira de treinador aconteceu após um conselho de Bernardinho, durante o Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003. 

“Estava sentado com o Bernardinho, em um almoço, na Vila Pan-americana, e eu fiz uma pergunta para ele: ‘Bernardo, eu fico pensando em me tornar um técnico, o que você acha disso? ’, e ele respondeu: ‘Se você estiver disposto a ser ferrar mais vinte anos, você vai ser um bom treinador! ’”. 

Seu primeiro título à frente de uma equipe foi o campeonato catarinense, em 2007, com a Unisul. 

Após as conquistas pelo SESI, em pouco mais de 1 ano, Giovane mantém os pés no chão e garante que ainda precisa se aperfeiçoar: 

“Não é porque a gente ganhou um campeonato brasileiro que eu já me tornei um treinador. Ainda tem muita coisa a melhorar”. 

E confessou que recebeu um convite inusitado para deixar a o clube: 

“Eu não recebi nenhum proposta oficial. Eu recebi ‘facebook’ da Tunísia (risos). Mais eu acho que qualquer saída minha hoje do SESI seria uma aventura. Hoje eu tenho lá as melhores condições de trabalho que um técnico pode sonhar”. 

Como o sucesso da equipe masculina, o SESI lançou no fim deste mês de maio a sua equipe feminina, que contará com a levantadora Dani Lins e a ponteira Sassá. Sobre assumir um time feminino Giovane põe o pé no freio: 

“Eu não posso dizer dessa água não beberei, mas acho que vai ser difícil negociar com a patroa. (...) Ela só acha muito difícil (deixar), porque todos os técnicos tiveram envolvimento com as atletas (risos)”. 

Sobre o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, que é acusado de corrupção e superfaturamento das contas do Pan- Americano de 2007, Giovane elogiou sua passagem pela Confederação Brasileira de Vôlei, na década de 80 e 90, quando incentivou o crescimento da modalidade e saiu em defesa do dirigente: 

“Acho que (Nuzman) não precisaria roubar, porque é uma pessoa bem de vida. O que acredito, se aconteceu, foi em função da ‘máquina’ funcionar dessa forma. (...) Não o vejo como uma pessoa aproveitadora. Eu vejo como uma pessoa muito importante para o esporte brasileiro”. 

Com um tom crítico, mas empolgado, o técnico campeão da Superliga deu sua opinião sobre as Olimpíadas de 2016, que serão realizadas na cidade do Rio de Janeiro. 

“Vai ser uma oportunidade de melhorar o Rio de Janeiro, serão obras de infra-estrutura que serão permanentes e vão trazer benefícios à população para o resto da vida.(...) O que me preocupa é o investimento em 2017, se os mesmo patrocinadores vão querer dar apoio aos  atletas?”. 

A respeito dos atrasos nas obras e nas reformas que serão feitas nas instalações já existentes, emendou: 

“Se vai ter ginásio, se não vai ter, com certeza vai ter. Talvez o que machuque a gente é que se poderia fazer com x e vai ter que ser feito com x²”. 

Finalizando a entrevista, o papo foi a Seleção Brasileira, considerada o ponto mais alto na carreira de qualquer jogador ou técnico. Ciente das responsabilidades, o treinador lembra que para assumir tal cargo é preciso ter experiência, mas acredita que um dia poderá comandar a equipe nacional: 

“A Seleção Brasileira atingiu uma excelência tão grande, que o técnico desse time não pode ser inexperiente, tem que ser um técnico pronto, tem que ser um técnico que vai dar continuidade no trabalho que vem sendo feito. Eu acho que vai chegar à hora ainda, mas eu não teria preparo para chegar agora e assumir a Seleção Brasileira.”

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