quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Atenção: um abismo pode separar Corinthians e Fla dos concorrentes.


Por Roberto Avallone


A bola me foi cantada, faz tempo, por Thomas Lico Martins, empresário e ex- vice - presidente do Corinthians: “Um abismo vai separar Corinthians e Flamengo dos outros. Com o tempo, pode ficar como na Espanha, como o Barcelona e o Real Madrid diante dos outros”.
Dito e feito. Naquele impasse todo, com o Campeonato Brasileiro indo para uma emissora ou para a outra, de acordo comas previsões do Lico, a Globo levou mesmo. E fez o seguinte: pelo menos por três anos, de 2012 em diante, Corinthians e Flamengo receberão as maiores cotas da tevê, com diferença considerável para os que antes ganhavam como eles (Palmeiras, Vasco, São Paulo) e bem maior em relação aos outros participantes do Campeonato.
O que isso significa? Elementar: poder aquisitivo muito maior para corintianos e flamenguistas, aumentando ano após ano, não sendo à toa que o Corinthians ousou oferecer 40 milhões de euros (quase dava para pagar a multa rescisória de Neymar) por Carlitos Teves, segundo o presidente Andrés Sanchez “o grande ídolo corintiano dos últimos tempos”.Assim como Tevez, outros grandes jogadores devem pintar no Corinthians e no Flamengo, pois as cotas da tevê ajudam os dois a desequilibrar a disputa.
Isso é bom para o futebol brasileiro? Não creio, pois o equilíbrio sempre foi a marca do Campeonato Brasileiro - ao contrário das competições da Espanha (com Barcelona e Real dividindo os títulos), da Itália (sempre com Inter, Milan e Juventus na ponta) e em outros países.
Mas é um critério justo? Não deixa de ser, pois como futebol passou a ser um negócio como outro qualquer, a tevê se interessa pela audiência, o que garante retorno publicitário. E, sejamos justos, a audiência do Corinthians é maior em São Paulo, enquanto a do Flamengo ganha de goleada no Rio. Trata-se, repito, de um negócio.
E qual é a chance de reverter o quadro? Não é tarefa fácil, pois com mais dinheiro Corinthians e Flamengo terão mais atrações e, como numa bola de neve, com mais atrações atrairão mais audiência. Mas é possível tentar; agilizando mais o marketing e formando belos times também como investimento - e não como despesa, como apregoam alguns dirigentes ultrapassados.
É uma guerra, eu sei. E não concordo com o Lico quando ele diz que é uma guerra já vencida por Corinthians e Flamengo; a força do marketing, a força das vitórias, a força dos títulos- ah, tudo isso, caro Lico, pode equilibrar a disputa e compensar a diferença do dinheiro recebido da tevê.
Desde que, claro, tomem-se as medidas fazendo contas de empresas que precisam crescer. E não contas de botequim, com movimentos contrários ao ato de se comprar um pé-de- moleque a mais ou a menos.

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