Por Luís Carlos Quartarollo
Exatamente hoje estamos a mil dias da Copa do Mundo-2014 que começará no dia 12 de junho daquele ano, que será uma quinta-feira.
Normalmente a Copa começa numa sexta-feira, pelo menos tem sido assim nos últimos anos, mas dizem que a Fifa a pedido de alguém aqui do Brasil antecipou em um dia a abertura da Copa para não cair na sexta-feira 13. Faz sentido.
São Paulo, Belo Horizonte e Brasília sonham com a abertura da Copa.
Hoje a presidente Dilma Rousseff estará nas solenidades do Mineirão ao lado de Pelé, que foi convidado para eventos aqui em São Paulo, mas vai acompanhar o staff presidencial.
Seria um sinal a favor do Mineirão agora que o corintiano Lula não é mais presidente? Não sei.
Nas doze sedes há obras para novos estádios. Há muita obra convivendo com a dupla atraso-greve de operários.
Alguns estádios só servirão para três ou quatro jogos e depois terão com certeza falta de público para lotá-los, pois não têm equipes na Série A e os Campeonatos locais são muito fracos.
Há vários exemplos disso.
O Mané Garrincha, em Brasília, para 71 mil lugares ao custo de 702 milhões.
A Arena da Amazônia ao custo de 499 milhões para 44 mil pagantes.
O Estádio Castelão, em Fortaleza, para 66 mil pessoas ao custo de 474 milhões.
A Arena Pantanal para 43 mil espectadores ao custo de 440 milhões de reais e a Arena das Dunas, em Natal, para 45 mil torcecores ao custo de 400 milhões de reais.
São estádios que lotarão apenas no mês da Copa e depois ficam obsoletos, para não dizer Elefantes Brancos, mas que serão construídos por imposição da Fifa, talvez a maior construtora de estádios do Mundo na atualidade.
Não são os casos do Itaquerão, do Maracanã, do Mineirão, da Arena da Baixada, da Arena Pernambuco, da Fonte Nova e do Beira Rio.
Esses estádios estão em estados onde o futebol é mais desenvolvido e os clubes participam do Campeonato Brasileiro, dos Regionais mais fortes e também de competições internacionais.
Alguns podem se tornar elefante FURTA-COR, mas elefente branco, jamais.
O custo mais barato para os estádios é o da Arena da Baixada com 180 milhões de reais “apenas”.
O Beira Rio, se comparado com os demais, também não é tão caro.
Está orçado em “apenas” 290 milhões de reais.
O Atlético Paranaense e o Internacional, donos respectivamente da Arena da Baixada e Beira Rio, chegaram a cogitar reformar os estádios com dinheiro próprio ou de parceiros privados, mas foram “aconselhados”, quase que ”obrigados” a fazer financiamento via BNDES. Por que será?
O orçamento mais caro é o do Maracanã com cerca de 860 milhões de reais, lembrando que o estádio passou por reformas recentemente com preços exorbitantes para os Jogos Pan-Americanos em 2007.
O segundo maior orçamento é o estádio do Corinthians, em Itaquera, São Paulo, ao preço de 820 milhões de reais.
Só em estádios nessa primeira previsão o país gastará cerca de 6 bilhões e 159 milhões aproximadamente, mas os zeros à direita devem crescer com o passar do tempo.
Ainda falta contabilizar as obras nos entornos dos estádios, os metrôs e as vias que levam até os jogos e ainda questões de segurança, aeroportos e saúde com a construção ou reforma de hospitais.
Há cidades que não têm rede hoteleira e nem hospitais suficientes para receber a Copa.
O problema é construir hotéis em cidades que não têm essa necesidade.
O que fazer com os quartos depois da Copa?
São gastos desnecessários só para um mês de evento.
Deve se levar em consideração também que a cada fase da Copa há um esvaziamento natural para mutos torcedores-turistas e só as grandes capitais é que podem sonhar em viver intensamente a competição do começo ao fim.
Em algumas regiões só haverá jogos na primeira, segunda e no máximo na terceira fase.
Depois disso é acompanhar de longe e voltar a vida normal com as supostas dívidas que sobrarão dos investimentos copeiros.
A África do Sul que o diga. Deve hoje 8 bilhões de dólares por conta da Copa e não aumentou muito o seu turismo por causa disso.
Por outro lado, há uma política de incentivos fiscais à obras atrasadas para que não compliquem o cronograma para a Copa.
São casos em que a licitação será jogada fora em nome da urgência da Copa, um ralo por onde escoa muito dinheiro, como já aconteceu no Pan-Americano do Rio que custou 10 vezes mais do que o previsto.
É o chamado incentivo ao atraso. Quanto mais atrasar, mais fácil desviar.
O prazo de mil dias para a Copa parece longo, mas não é.
Para uma Copa do Mundo o calendário é galopante.
Já é para amanhã bem de manhã, portanto é preciso pressa para compensar o atraso de vários anos.
E esse é mais um perigo para as contas públicas.
Boa sorte, Brasil.
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