quinta-feira, 4 de julho de 2013

Jogadora Marta conta como foi difícil entrar para o futebol;

Foto:Odd Andersen
Por Louise Soares 
Colaboração para a Folha, do Rio

Marta Vieira da Silva, 27, é mais conhecida pelo primeiro nome e pelos apelidos "Pelé de saias" ou "Rainha do Futebol". Eleita por cinco anos seguidos como a melhor jogadora de futebol do mundo pela FIFA, entre 2006 e 2011, Marta também já conquistou medalha de ouro nos Jogos Pan Americanos de 2003 e 2007, com a Seleção Brasileira de Futebol Feminino.
Atacante, assim como Neymar e Messi, Marta participou de duas Olimpíadas e uma Copa do Mundo e, atualmente, está no clube Tyresö, da Suécia.

Em entrevista por e-mail à "Folhinha", a atleta falou sobre as dificuldades enfrentadas pelas meninas que decidem jogar futebol, a diferença do tratamento das atletas no Brasil e nos outros países e lembrou de sua infância na cidade de Dois Riachos, Alagoas, quando jogava bola com os primos e amigos na rua. Leia abaixo.

"Folhinha" - Quando e como você começou a se interessar por futebol? Como decidiu jogar profissionalmente?

Marta- Comecei a me interessar por futebol com uns sete a oito anos, brincando. Tenho uma família muito grande e todos os meus primos e amigos de infância jogavam bola na rua. Quando eu percebi que levava jeito, decidi que o futebol seria a minha profissão.


Você sofreu preconceito de familiares ou amigos pela sua escolha profissional?
Sim, muito. Sou de Dois Riachos, uma cidade muito pequena do interior de Alagoas. As pessoas na época não viam com bons olhos uma menina jogando bola no meio de um monte de garotos, e a minha família pensava da mesma forma.


Quais são as dificuldades que uma menina enfrenta quando decide ser jogadora de futebol?
Ainda acho que é o preconceito, que hoje é menor, mas ainda existe, e a falta de opção de escolinhas de futebol.


Você nota alguma diferença no tratamento dado às mulheres que jogam futebol nos Estados Unidos e nos países da Europa, por exemplo, em relação ao tratamento dado a elas no Brasil?
Na Europa e nos Estados Unidos, onde joguei e ainda jogo, a diferença no tratamento das atletas é muito grande, a começar pela forma de encarar o futebol feminino como uma modalidade profissional. No Brasil, essa modalidade ainda é vista como amadora. Na Europa, muitas atletas vivem do futebol e são seguidas por milhares de fãs mirins e adultos. Os campeonatos nacionais e internacionais já existem há bastante tempo. A Liga Sueca Feminina, por exemplo, existe desde 1988. As brasileiras continuam lutando pela criação de uma liga feminina.


Na sua opinião, qual o maior obstáculo para o ingresso das meninas nos times de futebol: a cultura do esporte como uma atividade masculina ou a falta de apoio para as aspirantes a jogadoras?
Uma coisa leva a outra. Acho que o preconceito que ainda existe, por menor que seja, e o fato de muitos ainda pensarem que é um esporte voltado ao mundo masculino, faz com que a dificuldade cresça de uma forma geral, com falta de apoio, patrocínios e interesse no futebol feminino.


Não são raros os casos de meninos que são contratados ainda adolescentes para jogar em grandes clubes da Europa. Isso acontece também com as jogadoras? Existe um interesse dos clubes estrangeiros pelas jovens atletas brasileiras?
Acho que interesse por parte dos clubes femininos existe sim, mas é muito complicado, pois os custos são altos e o nível financeiro de uma equipe feminina não é o mesmo de uma equipe masculina. Portanto, é muito difícil fazer esse tipo de investimento no futebol feminino logo cedo.

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