terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Emily Lima:“Vou lutar pela profissionalização do futebol feminino”

O ano de 2017 marcará a primeira temporada completa de uma mulher no comando da seleção brasileira de futebol feminino. Trata-se de Emily Lima, anunciada pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) no início de novembro. Após cinco anos nessa função por outros clubes e seleções de base, a técnica tem planos bem definidos para iniciar seu trabalho a partir de janeiro e com ambiciosa pretensão de provocar mudanças relevantes na modalidade. "Mais importante que os resultados vai ser o legado depois do meu ciclo. Vamos trabalhar para a evolução do esporte e para que haja mais mercado para o futebol feminino no Brasil", afirma ela ao EL PAÍS.

A busca por títulos, como o Torneio Internacional - o primeiro conquistado com Emily no comando, neste mês de dezembro, em Manaus -, fica em segundo plano quando a treinadora fala de suas principais missões para o futebol feminino no Brasil. Uma delas é a forma como trabalhará com a renovação da equipe: "Quero utilizar jogadoras como Marta, Cristiane, Bárbara e Formiga durante toda a minha passagem (na seleção), e vou introduzir as mais jovens para fazer a renovação, como é o caso da Gabi Nunes, que era do sub-20. Essa renovação será gradativa, e até para facilitar a transição as mais experientes serão importantes". A treinadora promete buscar incansavelmente a profissionalização da modalidade no Brasil: "(A profissionalização) é muito importante, e seria um salto tremendo para o futebol feminino brasileiro. Não vamos cansar de tentar. Imagino que teremos algumas (respostas) negativas, mas a gente vai bater nessa tecla até as coisas acontecerem", garantiu.

Foto: CBF
Vice-campeã da Copa do Brasil feminina pelo São José no último mês de outubro, ela assumiu a seleção brasileira após a saída de Vadão, que esteve no comando da equipe por dois anos, dentre eles durante a Olimpíada do Rio, na qual o Brasil encerrou no quarto lugar da modalidade. Apesar do resultado aquém das expectativas, ela pretende aproveitar o que foi feito pelo treinador anterior. "(O trabalho) foi bom dentro do que ele acreditava. Temos que utilizar tudo o que foi aprendido nesse período e aliar à nossa proposta. Não dá para descartar". A partir de janeiro, ela conversará com treinadoras e treinadores de clubes brasileiros para trocar ideias, e também com os dirigentes da CBF, sobre a possibilidade de volta da seleção permanente, que consiste num grupo pré-definido de jogadoras para atuarem e se preparem juntas da comissão técnica, de maneira a impulsionar o entrosamento entre as atletas.

Formada recentemente no curso da Licença B (para treinadores de base) da CBF, Emily se prepara para o curso da Licença A (para o futebol profissional), o qual fará em julho do ano que vem. Há também, entre os cursos da entidade para treinadores, a Licença C e a Licença Pro - a mais avançada das formações do órgão nacional, para "Excelência no Futebol". A técnica crê que "estes cursos são muito importantes para todos que quiserem ingressar no futebol" e reconhece uma evolução considerável em seu trabalho, que alcançou um novo patamar com o convite para comandar a seleção. A responsabilidade de ser a primeira mulher no cargo em que ocupa, segundo ela, é enorme. "Se der certo, vão exaltar e dizer que foi uma ótima escolha. Se der errado, vai abrir espaço para comentários como 'Eu disse que era uma mulher e que isso não era boa ideia'. Independentemente de qualquer resultado, faremos o nosso melhor".

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