sábado, 7 de abril de 2012

DIA DO JORNALISTA: Entrevista com Vladir Lemos

Exemplo de compromisso com a verdade no jornalismo


No dia 07 de abril, é comemorado no Brasil o Dia do Jornalista, em homenagem ao médico e jornalista João Batista Líbero Badaró, assassinado por inimigos políticos, em 1830, em São Paulo, durante uma passeata de estudantes em comemoração aos ideais libertários da Revolução Francesa. 

Para grande parte da sociedade, o jornalista é uma espécie de testemunha ocular da história, responsável por relatar com toda veracidade cada detalhe ocorrido, como se fosse um narrador de seu tempo. Com base no código de ética da profissão, a função do jornalista é apurar, reunir, selecionar e difundir ideias, fatos e informações com clareza e exatidão. Buscar constantemente notícias de interesse público para divulgá-las na imprensa, representada por jornais, televisão, rádios, revistas e internet. Esta profissão é diariamente exercida consciente de sua importância social, de informar, denunciar e promover a reflexão, a crítica e debates, colaborando para uma sociedade mais justa e democrática.

No entanto, a atuação do jornalista não é apenas 'noticiar', em sua definição mais exata, o campo de trabalho é bastante amplo, já que o mercado se expandiu com o crescente avanço das novas mídias, dos portais de notícias da internet, das emissoras de rádios voltadas para o jornalismo cotidiano e dos departamentos de comunicação de órgãos públicos e empresas. Também se destaca o trabalho integrado das assessorias de imprensa, que exigem um profissional qualificado para as funções de gestão e planejamento das atividades relacionadas à comunicação. 

Mesmo assim, as atividades nos mercados já consolidados, como imprensa escrita (jornais diários e semanários), revistas, jornais on-line, emissoras abertas de televisão (privadas e públicas), canais a cabo, além de diversas emissoras de rádio AM e FM, continuam sendo os principais polos. Outros campos que vêm se desenvolvendo são as áreas específicas, que apresentam destaque tanto no cenário regional quanto local.

Assim, tem-se: Jornalismo Empresarial, Ambiental, Científico, On-Line, dentre outros, que ampliam e direcionam as especializações em diversos meios. O profissional de comunicação poderá atuar, ainda, na gerência da área em organizações empresariais, governamentais, ONGs, além de outros campos alternativos, como estúdios fotográficos e institutos de pesquisas.

Nos dias de hoje, para tornar-se um jornalista não é necessário ter o diploma universitário do curso de jornalismo, a exigência foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal, em 2009. Desde então, a FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas) e os Sindicatos de Jornalistas lutam para restabelecer a obrigatoriedade do diploma com a PEC 33/09, recentemente aprovada pelo Senado, em primeiro turno, mas que ainda precisa ser votada em segundo turno. Caso seja novamente aprovada, seguirá para a Câmara dos Deputados, onde também passará por dois turnos de votação.

Nesse Dia do Jornalista, a equipe do Jornal SPNorte conversou com o jornalista Vladir Lemos, editor-chefe e apresentador do programa Cartão Verde, da "TV Cultura", comentarista da "ESPN Brasil" e autor de vários livros e documentários, na maioria inspirados pelo futebol, que contou por que decidiu optar pela carreira no jornalismo, sua percepção da profissão atualmente, sobre a polêmica da obrigatoriedade do diploma e seus ídolos.

SPNorte: Por que escolheu ser jornalista?
Vladir Lemos: Acho que gente tem de tomar essa decisão ainda muito novo. Tentei economia, cursei história, mas um belo dia, decidi que iria parar tudo e fazer aquilo que eu realmente achava que tinha a minha cara. Como sempre gostei de escrever, decidi me "entregar" ao jornalismo.

SPNorte: Qual é a diferença entre o jornalismo praticado quando você começou sua carreira para o de hoje?
VL: Não vejo muita diferença no jornalismo. O que sinto que mudou de lá pra cá foi a nossa realidade profissional. A categoria que já foi um símbolo de resistência e atitude está dispersa. As novas tecnologias causaram uma verdadeira revolução, que irá continuar nos surpreendendo e desafiando, mas a alma do jornalismo permanece a mesma.

SPNorte: Você é contra ou a favor da obrigatoriedade do diploma? 
VL: A história nos mostra, por meio de várias biografias, que pra ser um jornalista respeitável não é preciso ter passado por uma faculdade. É um tema complicado, reconheço também a necessidade de uma regulamentação.
Mas sou levado a crer que em se tratando de jornalismo um diploma não atesta a capacidade de ninguém. 

SPNorte: Quais são seus ídolos no jornalismo?
VL: A memória instantânea vai me trair. Mas diante de uma pergunta dessa sempre lembro do Alberto Dines, do José Hamilton Ribeiro. Também gosto da pegada do Elio Gaspari. Gente pra se espelhar nessa profissão não falta, não.

SPNorte: Quando um jornalista erra e em que momento acerta?
VL: Jornalista erra quando pensa no IBOPE, quando leva em conta interesses, e acerta toda vez que exerce seu ofício com correção, respeitando as pessoas.

SPNorte: Defina o que é jornalismo para você? 
VL: Jornalismo é uma profissão que necessita de gente muito bem formada, no sentido humano, se é que me faço entender. Jornalismo é um compromisso com a verdade.

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