segunda-feira, 11 de julho de 2011

Brasil deixa vitória escapar para EUA, cai nos pênaltis e dá adeus ao Mundial


O Brasil deu adeus à Copa do Mundo de Futebol Feminino neste domingo. Com a mão na vaga à semifinal após uma incrível virada com dois gols de Marta, a Seleção permitiu um empate em 2 a 2 aos Estados Unidos no último minuto da prorrogação, o que levou a partida, jogada no Glücksgas Stadion, em Dresden, para os pênaltis. Deu vitória das americanas por 5 a 3. A semifinal será na próxima quarta, em Mönchengladbach, contra a França. 

As brasileiras foram valentes: vazadas a 1min de jogo, buscaram um empate que saiu dos pés de Marta, em marcação polêmica, mas correta, da árbitra. De cara, na prorrogação, a melhor do mundo reapareceu e deixou a Seleção na frente e com mão na vaga. Até os 17min do segundo tempo da prorrogação: Wambach, como um tanque e uma incrível impulsão, levou o estádio à loucura com um empate de cabeça. 

A atmosfera ficou extremamente favorável para as americanas, que foram mais competentes nos pênaltis. Boxx abriu a série e foi parada por Andreia, mas a arbitragem mandou voltar. Os Estados Unidos não erraram mais: cinco gols. O Brasil, que abriu com gols de Cristiane e Marta, ficou atrás com novo erro de Daiane, autora de gol contra no início do jogo. De nada adiantou Francielle fazer o seu: as brasileiras foram sacadas nas quartas de final quando pareciam absolutas. 

Se pode ser chamado assim, Marta ao menos tem um consolo. Com os dois gols marcados contra as americanas, ela chegou a 14 na história dos Mundiais, mesmo número da alemã Prinz. Se voltar a marcar na Copa do Mundo 2015, ela igualará Ronaldo como a maior goleadora da história da competição feminina. 

Já as americanas, sem Estados Unidos e Brasil pelo caminho, despontam como favoritas destacadas na competição. Com dois títulos mundiais e dois ouros olímpicos, também ampliaram um retrospecto que dói na alma das brasileiras. Em 29 jogos, a Seleção só superou as maiores rivais em três ocasiões. Não foi desta vez. 

Primeiro tempo: em 1 minuto, cai o paredão brasileiro 

Contra suas maiores adversárias no futebol mundial, as brasileiras repetiram a escalação de três das quatro partidas na Copa do Mundo. Aline Pellegrino, na caça a Wambach, formou com Daiane e Erika, com Fabiana e Maurine nas alas, Formiga e Ester na proteção e Rosana, adiantada, como armadora. Marta e Cristiane fecharam o ataque. 

Com um retrospecto de 23 vitórias em 28 jogos contra o Brasil, as americanas foram a campo para limpar a barra de quem, em poucos meses, perdeu quatro jogos. E sem surpresas: Krieger, Buehler, Rampone e Le Peilbet na defesa. No meio, Boxx e Lloyd por dentro, e O'Reilly e Cheney abertas. Rodríguez, a atacante da velocidade, e a fortíssima Wambach, centroavante, completaram o time que vazaria as brasileiras pela primeira vez no Mundial. 

Desatenta no posicionamento defensivo, a Seleção permitiu chance às americanas, que aproveitaram. Com 1min, Boxx apareceu livre nas costas de Fabiana e cruzou bem na área. Daiane se antecipou e colocou contra as próprias redes do Brasil, que se viu em uma situação nova na competição, já que ainda não havia ficado em desvantagem. 

O início de jogo, não só pelo gol, foi todo americano. Depois de assustar na bola aérea, a atual bicampeã olímpica quase marcou o segundo aos 16min. De longe, Le Peilbet soltou uma bomba e assustou a Andreia, que apostou em um golpe de vista e saiu bem. 

Passado o susto, o Brasil se encontrou em campo e teve pelo menos duas oportunidades claras de empatar. Na grande área, Rosana roubou bola e passou a Ester, que finalizou próximo gol, mas acabou travada. No escanteio, aos 22min, Marta centrou bem, Hope Solo vacilou e Aline Pellegrino, na pequena área, chegou a balançar as redes, mas pelo lado de fora. 

O grito de gol, que saiu de alguns torcedores no estádio, quase pintou de verdade com Marta no minuto seguinte. Com todo o time no ataque, os Estados Unidos foram surpreendidos em um contragolpe esperto. Cristiane lançou a camisa 10, que disparou em velocidade, deixou uma adversária para trás, mas errou o alvo na conclusão, já com pouco fôlego. 

Os Estados Unidos ainda assustaram com Rodríguez, que apareceu livre e exigiu grande defesa de Andreia - por impedimento, entretanto, o lance foi anulado. Depois, trocando passes, Formiga recebeu bem e, de fora da área, finalizou com espaço, mas a bola passou por cima. Cristiane, em condição semelhante logo depois, fez Hope Solo voar no canto e impedir o empate. 

Uma das melhores em campo na primeira etapa, Fabiana quase seria premiada com um gol que não saiu por centímetros. Acesa pela ala direita, ela levou duas adversárias e, meio no improviso, mandou para o gol. Solo quase foi encoberta, mas acabou salva pela trave. Na última chance dos 45 minutos, Boxx recuperou bola solta no meio, avançou e chutou no chão, firme. Andreia novamente interveio. 

Segundo tempo: Brasil busca o empate 

Sem alterações, o Brasil voltou do intervalo com a mesma busca pelo gol, e apertando a equipe americana. Em cima da rival, a Seleção assustou pela primeira vez aos 16min, com Cristiane exigindo trabalho de Hope Solo. Com mais posse de bola, as brasileiras levaram um susto tremendo aos 19min, quando Lloyd apareceu após cruzamento e, de cabeça, acertou o travessão. 

Logo em seguida, ocorreu o lance que mudaria a história da partida. Marta, na grande área e cercada por duas, aplicou um chapéu e foi puxada por Buehler. A árbitra Jacqui Melksham assinalou o lance e ainda expulsou a zagueira americana. Na cobrança, Cristiane bateu, Solo pegou, mas a juíza mandou voltar, indicando invasão das jogadoras do rebote. Marta então pediu a bola e decretou o empate. 

Com uma jogadora a mais, as brasileiras não conseguiram aproveitar a superioridade numérica para intensificar a pressão em busca de uma virada no tempo normal, errando muitos passes na hora do contra-ataque. Os Estados Unidos ainda esboçaram um sufoco em alguns momentos, sobretudo nas bolas aéreas sempre em busca de Wambach. Ainda assim, o jogo exigiu uma prorrogação para que fosse definido o vencedor. 

Prorrogação e pênaltis: as estrelas brilham 

Mal a bola voltou a rolar e as brasileiras conseguiram o que era necessário. Maurine, em condição duvidosa, apareceu pela ponta esquerda e centrou para Marta, que desviou com leveza e precisão, inatingível para Hope Solo. 

Bem posicionado em campo, o Brasil praticamente não permitiu chances aos Estados Unidos, que a rigor criou uma jogada de perigo nos primeiros 15 minutos. Em um raro descuido de Aline, Wambach apareceu bem na grande área e chutou firme. Andreia se esticou toda e botou para escanteio. 

Quando o Brasil parecia com a mão na vaga para as semifinais e controlava bem as adversárias, porém, um imprevisto aconteceu. O sistema de marcação se desorganizou, Rapinoe apareceu bem na ponta esquerda e fez um cruzamento venenoso. Wambach subiu no terceiro andar e, após falha na saída de Andreia, botou de cabeça para o fundo das redes e levou o estádio à loucura, definindo o empate e obrigando a disputa de pênaltis. 

Brasil 2 (3) x (5) 2 Estados Unidos 

Gols: 
Brasil: Marta, aos 23min do segundo tempo, e Marta, a 1min do primeiro tempo da prorrogação 
Estados Unidos: Daiane (contra) a 1min do primeiro tempo, e Wambach, aos 17min do segundo tempo da prorrogação 

Brasil: 
Andreia; Aline Pellegrino, Daiane e Erika; Fabiana, Formiga (Renata Costa), Ester e Maurine; Rosana (Francielle); Marta e Cristiane 
Treinador: Kleiton Lima 

Estados Unidos: 
Hope Solo; Krieger, Buehler, Rampone e Le Peilbet; O'Reilly (Heath), Boxx, Lloyd e Cheney (Rapinoe); Wambach e Rodríguez (Morgan) 
Treinador: Pia Sundhage 

Cartões amarelos: 
Brasil: Aline Pellegrino, Marta, Maurine, Erika 
Estados Unidos: Lloyd, Solo, Rapinoe, Boxx

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