sexta-feira, 13 de abril de 2012

Wesley. Ou: a contradição das fatalidades.

Foto: Danilo Lavieri/ UOL Esporte

Por Roberto Avallone

Há momentos em que se pensa que a casa caiu, que o mundo acabou, que o sonho já era. São os momentos das fatalidades que, como na vida em geral, acontecem também no futebol. E, às vezes, acontece o revertério, o que parecia perdido se transforma em façanha, surgem os milagres.

Um exemplo clássico foi a contusão de Pelé, na Copa do Mundo de 1962, no segundo jogo da campanha, contra a então Checoslováquia: um chute de direita, de fora da área, como outros tantos que executava o Rei, e o drama... Uma lesão no músculo adutor. Pelé fora de combate e como é que iria ficar? Ficou que Mané Garrincha jogou por ele e por Pelé e mesmo o substituto do maior jogador de todos os tempos foi surpreendente: Amarildo, o “o  Possesso”, foi excelente e marcou gols decisivos.

Exemplos como este existem às centenas. Mas o acontecimento mais recente aconteceu com o Palmeiras, que perdeu Wesley, sua mais cara contratação da temporada, pelo resto do ano. E, quem sabe como consolo, lembro-me das histórias que me foram contadas por meu tio, Armando Meliani, um marceneiro autodidata, que adorava cinema, Dante Alighieri o Palestra.

Histórias sobre a Copa Rio, de 1951, talvez o maior título do Palmeiras ao longo de sua história. Pois já nas semifinais, no Maracanã, diante do fortíssimo Vasco da Gama- que era a base da Seleção Brasileira- perdeu, de uma só vez, dois de seus melhores jogadores: Waldemar Fiúme, apelidado “O Pai da Bola”, e Aquiles, seu artilheiro- sensação. Fiúme com contusão grave e Aquiles com lesão gravíssima, fratura em uma das pernas,

E, mesmo assim, o Palmeiras, tomado por brios, eliminou o Vasco (vitória de 2 a 1 na primeira partida, empate em 0 a 0 no segundo jogo) e, nas finais, derrotou a fantástica Juventus de Turim, ganhando a primeira partida por 1 a 0 (gol de Rodrigues, de cabeça) e empatando a segunda, 2 a 2, com o gol de empate saindo chorado, sofrido e bonito- Liminha, de bola e tudo.

Os tempos eram outros, sabemos. Mas quem sabe o brio encha o peito de todo os companheiros compadecido com a fatalidade que atingiu em cheio o clube e o jogador.

Quem sabe?

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